quarta-feira, 20 de junho de 2012

Descartes


Descartes
Aula 01
Ciência
à Antiguidade à Ideal Contemplativo
ǂ                         à Saber como temem si mesmo
Modernidade (a partir do renascimento)
è Ideal de Ciência Operativa
è Propósito do saber científico

Dominação da Natureza
“Saber é Poder”
                           (Francis Bacon)

A Ciência quer por a Natureza a nosso favor não a aceitando como ela realmente é, mas sim tentando sempre muda-la e domina-la.
Acompanha tal processo de dominação da natureza a guinada antropocêntrica da modernidade à Institui o conceito de sujeito como categoria fundamental do pensamento.
Antiguidade
à Tese: Para saber como algo é, é necessário antes saber o que esse algo é.
            à Precedência da questão “o que é isto?” em relação a questão “como é isto?”
Pergunta: O que é isto? à Essência
                                                 └> à Base = Subjacente
àAté a Idade Média sinônimo de “essentia”
Na modernidade a palavra será aplicada ao ser humano
Homem = Sujeito

Aula 02 – Meditações

Resumo da 1ª Meditação

O que Descartes pretendeu com essa primeira meditação foi instituir um método pelo qual se pudesse chegar ao resultado de se colocar tudo em dúvida ou, dito de outra maneira, suspender todos os nossos juízos acerca do que julgamos conhecer.

Juízo de valor significa um determinado posicionamento da nossa parte quanto ao ser ou não ser, ser justo ou não, ser bom ou mal, ser certo ou ser errado, ou seja, nos referimos aos juízos morais.

Suspender o Juízo de Valor significa que é um posicionamento que desconsidera aquilo que se analisa do ponto de vista moral. Se eu, ao ver a ação de alguém, por exemplo, uma pessoa matou alguém e digo: essa ação é uma ação má; suspender a ação do juízo significa pegar a ação sem me posicionar quanto ela ser boa ou ser má, desconsiderar todas as pré-noções.

Descartes não fala sobre suspender essas ações de Juízo Moral, mas sim de desconsiderar se aquilo que eu penso a respeito do mundo é verdadeiro ou falso. Ele pretende com essa primeira meditação encontrar o marco zero do conhecimento.
 
- A ideia dele é: eu sempre parto de inúmeros saberes, sempre parto de inúmeros conhecimentos, quando digo que quero começar a fazer uma ciência, eu necessariamente já pressuponho muitas coisas, pois eu já tive uma educação, já pertenço a uma certa cultura e ai, na minha educação, na minha cultura eu já encontrei um monte de conhecimentos que se pretendem verdadeiros a cerca da realidade, do mundo e de mim mesmo.

Para se fazer uma ciência absoluta não se pode aproveitar absolutamente nenhum conhecimento que já fora adquirido e para explicar o porquê disso, ele dá o exemplo de uma casa, pois se usarmos coisas que já foram usadas antes, essa casa ruiria, assim como o conhecimento, tudo se despedaçaria. 

Sua primeira tarefa seria fazer uma “terra planagem”, destruindo tudo aquilo que já fosse conhecido e começar tudo de novo para esse novo “edifício do saber”. Para isso ele tenta criar um método pelo qual eu consiga me livrar de tudo aquilo que eu já sei, ou seja, criar um método pelo qual eu possa fazer uma suspenção do Juízo Generalizada (a mais ampla possível).

Na Idade média as pessoas seguiam a tradição, ou seja, seguiam os costumes e as regras a risca, já na modernidade manifesta-se uma crítica a essa tradicionalidade. E o que Descartes vai procurar fazer é exatamente isso, romper essa tradicionalidade, quebrar esse ritual, buscando sempre adquirir conhecimentos a partir do zero.

Ele dá o título de “Meditações” porque o texto é todo escrito em primeira pessoa, o texto é uma narrativa, uma descrição de experiências de pensamentos que ele fez. Um esforço meditativo dele. E oque ele está fazendo é deixar isso para nós e nos estimular a ensinar o que puder e seguir esses caminhos das meditações deixados por ele.

Ele tenta provar a existência de Deus, não o Deus cristão, mas o Deus cartesiano, o garantidor da verdade, o Deus da filosofia.

            O objetivo dessa primeira meditação não será instituir alguma verdade, pelo contrário, ele não quer instituir nada nessa primeira meditação, ele quer simplesmente por tudo aquilo que se possa colocar no mundo

            No segundo paragrafo do texto, ele coloca a questão de “como se livrar de tudo aquilo que eu sei?”, pois o grande problema é não saber o que é ou não verdadeiro. As coisas que no começo pareceram ser certas, mais futuramente poderão se tornar ideias erradas e sempre que eu fizer uma conclusão com base em premissas incorretas, o resultado será igualmente falso, pois o meu raciocínio será incorreto.

Silogismo significa encadeamento de argumentos de tal maneira que a partir de dadas premissas eu chegue a conclusões necessárias. Ex.:

       “Sócrates é Homem”                                                  “Todos os Homens são imortais”
“Todos os homens são mortais”                                                  “Sócrates é homem”
                                                                                                          _______________________                                          __________________________
         “Sócrates é mortal”                                                            “Sócrates é imortal”
                                                                                                                                                                                  
Está certo porque é naturalmente correto.                                                     Está errado, pois é naturalmente incorreto.
                                                                                                             Falácias

        É impossível provar que todas as coisas que sabemos são falsas, não por serem difíceis de ser provadas, mas porque já aprendemos uma infinidade de coisas e não teríamos tempo o suficiente para fazer isso, ou seja, nunca concluiríamos essa tarefa.
Então, para que esse “edifício do saber” pudesse ser de fato “construído”, sem que nós falhássemos pela infinidade de coisas já aprendidas, ele tenta instituir um critério para me livrar daquilo que já sei. Esse critério é: Analisar os princípios e descartar aquilo que apresentar o mínimo de dúvida, considerar aquilo que apresentar dúvidas como falso.
Suspenção do Juízo será: deixar de lado, desconsiderar completamente tudo aquilo que eu puder apresentar uma dúvida.
            Descartes agrupa todos os nossos conhecimentos em 3 grandes categorias e segundo ele, é preciso atacar a base (o fundamento) dessas categorias. Ele pretende desenvolver a dúvida hiperbólica (a duvida exagerada, desmedida) e as três Etapas dessa dúvida hiperbólica são:

·      * Argumento dos Erros do Sentido
·      * Argumento do Sonho
·     * Argumento do Gênio Maligno 

                  No paragrafo três ele vai falar que muitas coisas das quais ele conhece se dão por meio de seus sentidos, ou seja, tudo aquilo que sabemos através do mundo exterior só sabemos através de nossos sentidos. Se nós não tivéssemos nossos sentindos, também não conheceríamos a dúvida, então o sentido é essencial. Então Descartes ataca isso dizendo:

                  - É certo que sempre nossos sentidos estão certos

            É claro que a resposta é negativa, pode-se usar o exemplo da visão, quando vejo coisas sobre luzes de diferentes cores, veremos coisas de cores diferentes, então achar que tudo que sentimos é certo, é uma suposição errada.

              Essa primeira etapa da dúvida metódica, que se chama o argumento do erro dos sentidos, onde é realizada uma suspenção do Juízo sobre tudo aquilo que eu conheço a respeito do mundo exterior.  Se deixarmos de lado tudo aquilo que sabemos a respeito do mundo correlacionado com os sentidos, para Descartes, seriamos ingênuos porque mais uma vez eu estaria me apoiando nos sentidos, que não são uma fonte segura dos saberes. Então, com essa primeira etapa, pode-se concluir que o Descartes estaria desbravando/avançando o território da subjetividade. E o ponto é que há muitas coisas que eu sei, que eu conheço e que não são sustentadas pelos sentidos. Eu tenho assim uma classe de saberes que eu posso classificar como Juízos psicológicos, ou seja, não sei se eu estou feliz ou triste, se eu gosto ou não de alguma coisa, se eu sinto ou não medo de algo, não sei o que sinto. 

                  Será que não tenho como eu duvidar dos meus juízos psicológicos? 

             Posso, e Descartes argumenta da seguinte forma: Será que já não aconteceu de as vezes eu sonhar e sonhando, jurar que aquilo que se dava no sonho era uma verdade e só depois que eu acordasse desse sonho, eu percebe-se que aquilo que eu havia sonhado não era real? Que no sonho eu fazia algo que na vida real eu não faria, algo que no sonho eu goste e na vida real não. Se isso acontece, posso sim duvidar dos meus juízos psicológicos, pois não conseguimos distinguir o que é ou não real, ou seja, não é confiável e pela meditação, posso descartar isso.

            Entretanto, mesmo descartando esses meios duvidosos, sobram resíduos, chamados de resíduos matemáticos, pois não se fundem nos sentidos e nem nos juízos psicológicos. Essas verdades matemáticas tanto se dando na realidade ou no sonho não são mutáveis, exemplo o triangulo, que tem 3 lados, sua soma dos ângulos internos é 180º e assim por diante.

               Resumindo, quando suspendo meus juízos acerca dos meus sentidos, dos juízos psicológicos, eu fico ainda com esse resíduo da matemática. 

Suspenção do juízo significa atribuir valor zero aos conhecimentos que eu possuía.

          O Descartes vai dizer sobre a hipótese do gênio maligno o seguinte: vamos supor que hipoteticamente exista um ser muito poderoso que possa exercer domínio sobre a minha capacidade intelectual. 

                  Primeira coisa, ele não está dizendo que existe esse ser maligno, ele esta colocando meramente isso de maneira problemática. Nós poderíamos provar que não existe um ser poderoso que pode dominar os nossos pensamentos? Não, não tem como provar uma coisa dessas. Suponhamos que há uma criatura que pode dominar os meus pensamentos e que tem prazer em fazer com que eu tenha a experiência da evidencia (exemplo na matemática) em quanto na verdade eu estou me equivocando, me enganando. A essa criatura o Descartes dará o nome de gênio maligno, e esse gênio maligno funciona como se fosse uma espécie de alucinógeno, fazendo com que vejamos determinadas coisas que não estejam ali, coisas que de fato não existam. 

                  Ele vai dizer que se não é possível afastar esse ser maligno, eu não posso dizer que as verdades matemáticas são inequívocas, que são certas, não posso dizer, enfim, que sejam sólidos o bastante, então eu posso duvidar deles. Posso operar uma suspenção do juízo sobre os meus juízos matemáticos, ou seja, nem as verdades matemáticas são sólidas o suficiente para construir uma ciência absoluta para Descartes.

                  Percorrendo essas 3 etapas das duvidas hiperbólicas ele coloca a seguinte pergunta: Me parece que eu eliminei absolutamente tudo, não restando nada de sólido depois de todos esses argumento. Mas será mesmo que não restou nada de sólido, será que eu não consigo encontrar nada de sólido, nada de indubitável nas verdades matemáticas? Essa é a questão que ele termina com a primeira meditação.

                  Ele está pressupondo um conceito de verdade.

                  à Herdeiro do que chamamos de conceito Tradicional de verdade. Primeira formulação estrita vista em Aristóteles. “Verdade é a adequação entre intelecto e coisa.”
                                                           └> Opinião ou conhecimento verdadeiro é aquele que se encontra em conformidade com a coisa que ele quer conhecer.
                   
                  Um conhecimento verdadeiro é aquele que se encontra adequado à coisa que ele pretende conhecer, ou seja, verdadeiro é aquele que se encontra em conformidade com a coisa que ele pretende conhecer. Exemplo: o quadro, o triangulo. Um pensamento é verdadeiro quando ele descreve exatamente aquilo que ele queria descrever e é falso quando ele não descreve exatamente aquilo que ele queria descrever. 

                  Suspenção de juízo é a desconsideração do valor de verdade daquilo que eu entendo. Desconsiderar de é ou não verdade aquilo que eu conheço.

Aula 03 – Meditação 1, 2 e 3

1ª Meditação 

                  Associação do conceito de verdade cartesiano e a suspenção do juízo. A Suspenção de juízo é a desconsideração do valor de verdade daquilo que eu entendo, daquilo que eu sei, isso significa que eu ponho em duvida é se aquilo que eu compreendo correspondem as coisas que realmente são ou não. Deixo isso em alerto, não me posicionando quanto a isso.
 
                  Conceito de representação é a base central do pensamento moderno, o Descartes na primeira meditação simplesmente transforma tudo em simples representação, em simples conteúdo mental. 

                  Argumento do erro dos sentidos: eu tenho que desconsiderar aquilo que sei por meio dos sentidos porque eu não tenha certeza sobre esses sentidos, eles podem me dar coisas incertas e inseguras. Podendo duvidar sobre o que esses sentidos me dão.  

                   Se o mundo é tal qual o jeito que estou percepcionando, ou se não é, me abstenho de me posicionar quanto a isso. Quando eu faço a suspenção do juízo, eu não deletei tudo aquilo que eu compreendia ou irei compreender do mundo, mas eu deixo de me posicionar quanto a adequação ou conformidade entre as minhas representações, conteúdos mentais (aquilo que eu percebo) e as coisas como elas são em si mesmas. É certo que eu tenho “N” representações sobre o mundo, sobre os objetos das matemáticas, sobre o que pudermos pensar, agora se essas representações correspondem ou não as coisas como elas são em si mesmas ai, eu já não sei se entram em conformidade com as minhas representações.

        O que a suspenção do juízo faz basicamente é cancelar o valor de verdade das minhas representações.
 
            Verdade é a adequação ou, conformidade ou ainda, a correspondência entre os meus pensamentos e as coisas. Dito de outra maneira, entre as minhas representações e as coisas como elas são em si mesmas.

          Ciência, para Descartes, tem que ser o conhecimento das coisas como elas são em si mesmas, ou seja, a verdade absoluta. A exigência da objetividade da ciência cartesiana é tal que se um critério é fundado na intersubjetividade, é um critério que não seria o suficiente para a idéia de ciência dele. 

      Critério de intersubjetivo de verdade: algo que diz respeita a correlação uns com os outros. Intersubjetividade é falar “da minha relação com vocês”. Relação que estabelecemos entre nós (sala). O consenso é um critério intersubjetivo, para explicar isso um exemplo para o consenso é a definição de copo, que é semelhante para todos, e para Descartes isso não serve, não é o suficiente. Quando ele fala sobre ciência, ele não quer que a ciência funcione de maneira subjetiva, mas sim uma ciência que seja valida de maneira absolutamente objetiva (onde as pessoas não fiquem somente aceitando as informações, mas questionem e cheguem a um mesmo consenso).

           Então nessa primeira meditação o que ele coloca em dúvida é se realmente pode existir uma ciência assim. Porque se eu coloco em dúvida a correspondência entre as minhas representações e as coisas as quais elas se referem, então eu fico em duvida se realmente existe uma ciência absoluta ou não. Então ele vai levantar uma duvida cética (não se pode pressupor a verdade como algo obvio. Uma dúvida cética é a possibilidade do atingimento da verdade) se existe a possibilidade de uma ciência absoluta.

2ª Meditação - Foge do ceticismo ao qual a 1ª Meditação cai.

          Na primeira meditação ele desenvolve um exercício cético e na segunda meditação, não se pode dizer que é um exercício dogmático, mas pode-se dizer que a segunda meditação é uma saída do ceticismo, é um compromisso com a possibilidade de uma ciência absoluta. 

          No inicio da segunda meditação, o Descartes faz uma breve recapitulação dos resultados e do trajeto percorrido por ele na primeira meditação, depois, ele fala sobre um ponto arquimediano, citando uma anedota a que diz respeito a Arquimedes.

         O ponto arquimediano ao qual Descartes falará, seria sobre um ponto absolutamente certo, seguro, firme e indubitável. Na primeira meditação é falado sobre a “terra-planagem” onde tudo é derrubado, já na segunda meditação, é tratado como será feita a construção do “edifício do saber”. 

           Arquimedes era um físico da antiguidade, sendo um dos primeiros estudiosos da teoria das alavancas que explica que com uma alavanca pode-se aumentar a força. Existia uma anedota em que o Arquimedes estudando as alavancas, teria dito que se dessem a ele um ponto fixo fora da terra e uma alavanca suficientemente longa para ele, esse seria capaz de mover a terra de seu lugar. O Descartes usa essa imagem para dizer que se ele conseguir um ponto certo, indubitável, ele pode fazer qualquer coisa, até mesmo uma ciência absoluta.
  
As certezas absolutas citadas por Descartes são:
·        *“Eu sou, eu existo” à Certeza relativa à existência.
Representação imediatamente verdadeira, pois não tem como um “nada” se iludir dizendo que é algo. Eu nunca tenho como duvidar da minha própria existência. Eu posso duvidar do que essa representação seja, mas nunca da própria existência, ainda que estejam me iludindo disso. Posso duvidar de tudo, menos da existência.
·        *“Sou uma coisa que pensa” à Certeza acerca da essência disso que sou (ser que sou)
Representação imediatamente verdadeira, pois se eu não pensasse, eu não chegaria a esse questionamento, a essa certeza. Duvidar é uma modalidade de pensamento, e se eu sou pensante eu posso me dar conta da própria existência.


Certeza do “cogito”
                                                                                       └>    Eu penso
                                                                                       └> = certeza de subjetividade.
                 A filosofia moderna é um mergulho nessa subjetividade, já para os antigos, isso era inaceitável, tanto que não existem autores que se encaixem nessa modalidade. Na filosofia moderna há uma tentativa de desbravar essa subjetividade. 

                 Além desses 2 pontos, ele tratará sobre a distinção/diferença entre alma (que é pensamento, é consciência não sendo místico ou coisa do gênero) e corpo. Ele sustenta que a nossa consciência é diferente da nossa estrutura corpórea. Por exemplo, ele é contra as tendência da fisiologia contemporânea que procura identificar a nossa consciência meramente a determinado processos celebrais.     
       
3ª Meditação

           É onde ele dará a primeira prova da existência de Deus. Não sendo pela fé que ele faz isso, mas sim por uma prova racional da existência de Deus. O Deus do Descartes não é o Deus Cristão, mas sim um Deus dos filósofos. 

           O Deus do Descartes não é essencialmente a causa do medo, o Deus do Descartes será o garantidor de que haja conformidade, adequação e correspondência entre as minhas representações (conteúdos mentais) e as coisas como elas são em si mesmas. 

            Descartes precisa montar então critérios para distinguir se a representação é ou não verdadeira. 

      A questão então é a seguinte: O Descartes precisa de um critério que faça com que nossas representações sejam verdadeiras ou não. E a estratégia do Descartes é “a minha duvida a respeito da correspondência entre representações e coisas, funda-se naquela hipótese do gênio maligno. Eu tenho por tanto que afastar a hipótese do gênio maligno e para fazer isso eu tenho que provar que existe um Deus Verás (oposto do gênio maligno, de um Deus enganador, aquilo que não se contras, que não me engana, fica apenas com a verdade). Se eu provo que existe ao invés de um gênio maligno um Deus Verás, está afastada a possibilidade desse gênio maligno, sendo que esse Deus para ser Verás deve ser um ente perfeito. Porque algo que seja perfeito não pode ser algo que não Verás, a vontade de enganar, de iludir seria uma prova de imperfeição. Então, se for perfeito, é Verás, e se é Verás não pode, portanto, fazer com que quando eu tenha a experiência da evidencia, a ela, não corresponda nada verdadeiramente.”

            A hipótese do gênio maligno dissociou evidencia de verdade. A hipótese do gênio maligno servia na 1ª Meditação como a colocação em cheque das verdades matemáticas. As verdades matemáticas são dotadas de evidencia, podendo ser que eu tenha a experiência da Evidencia e essa seja uma ilusão colocada pelo gênio maligno, e a evidencia deixou de valer como critério de verdade. Com a prova da existência de Deus, o que Descartes vai fazer é recuperar a evidencia como critério de verdade. 

           Então a necessidade de apresentar uma prova da existência de Deus é para recuperar a evidencia como critério de verdade. Dai quando ele tiver um pensamento evidente, ele pode dizer que está certo de que ele é verdadeiro, ainda que eu não consiga sair da subjetividade para chegar a coisa em si mesma, se eu tive a experiência da evidencia em algo, eu posso confiar que eu não estou me iludindo quando isso se dá comigo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente! É importante o seu comentário para que possamos melhorar a qualidade do blog e assim fazer com que seja algo mais completo!